sábado, 30 de outubro de 2010

Estudo das diversas modalidades de textos infantis.

Fábulas .

Narrativa alegórica de uma situação vivida por animais, que referencia uma
situação humana e tem por objetivo transmitir moralidade. A exemplaridade desses
textos espelha a moralidade social da época e o caráter pedagógico que encerram.
É oferecido, então, um modelo de comportamento maniqueísta; em que o "certo"
deve ser copiado e o "errado", evitado. A importância dada à moralidade era
tanta que os copistas da Idade Média escreviam as lições finais das fábulas com
letras vermelhas ou douradas para destacar.


A presença dos animais deve-se, sobretudo, ao convívio mais efetivo entre
homens e animais naquela época. O uso constante da natureza e dos animais para a
alegorização da existência humana aproximam o público das "moralidades". Assim
apresentam similaridade com a proposta das parábolas bíblicas.


Algumas associações entre animais e características humanas, feitas pelas
fábulas, mantiveram-se fixas em várias histórias e permanecem até os dias de
hoje.


  • leão - poder real
  • lobo - dominação do mais forte
  • raposa - astúcia e esperteza
  • cordeiro - ingenuidade


A proposta principal da fábula é a fusão de dois elementos: o lúdico e o
pedagógico. As histórias, ao mesmo tempo que distraem o leitor, apresentam as
virtudes e os defeitos humanos através de animais. Acreditavam que a moral, para
ser assimilada, precisava da alegria e distração contida na história dos animais
que possuem características humanas. Desta maneira, a aparência de
entretenimento camufla a proposta didática presente.


A fabulação ou afabulação é a lição moral apresentada através da narrativa. O
epitímio constitui o texto que explicita a moral da fábula, sendo o cerne da
transmissão dos valores ideológicos sociais.


Acredita-se que esse tipo de texto tenha nascido no século XVIII a.C., na
Suméria. Há registros de fábulas egípsias e hindus, mas atribui-se à Grécia a
criação efetiva desse gênero narrativo. Nascido no Oriente, vai ser reinventado
no Ocidente por Esopo (Séc. V a.C.) e
aperfeiçoado, séculos mais tarde, pelo escravo romano Fedro (Séc. I a.C.) que o
enriqueceu estilisticamente. Entretanto, somente no século X, começaram a ser
conhecidas as fábulas latinas de Fedro.





Exemplo de fábulas : "O lobo e o cordeiro", ''A raposa e o esquilo,
 "Animais enfermos da peste", "A corte do leão", "O leão
e o rato", "O pastor e o rei", "O leão, o lobo e a raposa", "A cigarra e a
formiga", "O leão doente e a raposa", "A corte e o leão", "Os funerais da leoa",
"A leiteira e o pote de leite".




Contos de Fadas.


Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão literária, atualizam ou
reinterpretam, em suas variantes questões universais, como os conflitos do poder
e a formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do "Era uma
vez...".


Por lidarem com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais da
condição humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-se até
hoje. Neles encontramos o amor, os medos, as dificuldades de ser criança, as
carências (materiais e afetivas), as auto-descobertas, as perdas, as buscas, a
solidão e o encontro.


Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento "fada".
Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum (destino, fatalidade,
oráculo).


Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande
beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes
sobrenaturais, interferem na vida dos homens, para auxiliá-los em
situações-limite, quando já nenhuma solução natural seria possível.


Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como o avesso da imagem
anterior, isto é, como bruxas. Vulgarmente, se diz que fada e bruxa são formas
simbólicas da eterna dualidade da mulher, ou da condição feminina.


O enredo básico dos contos de fadas expressa os obstáculos, ou provas, que
precisam ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciático, para que o herói
alcance sua auto-realização existencial, seja pelo encontro de seu verdadeiro
"eu", seja pelo encontro da princesa, que encarna o ideal a ser
alcançado.
Estrutura básica dos contos de fadas
  • Início - nele aparece o herói (ou heroína) e sua dificuldade ou
    restrição. Problemas vinculados à realidade, como estados de carência, penúria,
    conflitos, etc., que desequilibram a tranqüilidade inicial;
  • Ruptura - é quando o herói se desliga de sua vida concreta, sai da
    proteção e mergulha no completo desconhecido;
  • Confronto e superação de obstáculos e perigos - busca de soluções
    no plano da fantasia com a introdução de elementos imaginários;
  • Restauração - início do processo de descobrir o novo,
    possibilidades, potencialidades e polaridades opostas;
  • Desfecho - volta à realidade. União dos opostos, germinação,
    florescimento, colheita e transcendência.
Exemplo de contos de fada : '' Cinderela'', '' A Bela e a Fera'', ''A Branca de Neve'', ''A Bela Adormecida, entre outras.


Lendas.

A lenda é uma narrativa baseada na tradição oral e de caráter maravilhoso,
cujo argumento é tirado da tradição de um dado lugar. Sendo assim, relata os
acontecimentos numa mistura entre referenciais históricos e imaginários. Um
sistema de lendas que tratem de um mesmo tema central constiruem um mito (mais
abrangente geograficamente e sem fixação no tempo e no espaço).

A lenda tem caráter anônimo e, geralmente, está marcada por um profundo
sentimento de fatalidade. Tal sentimento é importante, porque fixa a presença do
Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra o pensamento humano
dominado pela força do desconhecido.

A lenda, em especial as mitológicas, constitui o resumo do assombro e do
temor do homem diante do mundo e uma explicação necessária das coisas. A lenda,
assim, não é mais do que o pensamento infantil da humanidade, em sua primeira
etapa, refletindo o drama humano ante o outro, em que atuam os astros e
meteoros, forças desencadeadas e ocultas.


A lenda é uma forma de narrativa antiqüíssima, cujo argumento é tirado da
tradição. Relato de acontecimentos, onde o maravilhoso e o imaginário superam o
histórico e o verdadeiro.


Geralmente, a lenda está marcada por um profundo sentimento de fatalidade.
Este sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o
que não se pode lutar e demonstra, irrecusavelmente, o pensamento do homem
dominado pela força do desconhecido.


De origem muitas vezes anônima, a lenda é transmitida e conservada pela
tradição oral.

Exemplos de lendas:  "Boitatá", "Boto cor-de-rosa", "Caipora ou
Curupira", "Iara", "Lobisomem", "Mula-sem-cabeça", "Negrinho do Pastoreio",
"Saci Pererê" e "Vitória Régia".

Poesia



O gênero poético tem uma configuração distinta dos demais gêneros literários.
Sua brevidade, aliada ao potencial simbólico apresentado, transforma a poesia em
uma atraente e lúdica forma de contato com o texto literário.


Há poetas que quase brincam com as palavras, de modo a cativar as crianças
que ouvem, ou lêem esse tipo de texto. Lidam com toda uma ludicidade verbal,
sonora e musical, no jeito como vão juntando as palavras e acabam por tornar a
leitura algo muito divertido.


Como recursos para despertar o interesse do pequeno leitor, os autores
utilizam-se de rimas bem simples e que usem palavras do cotidiano infantil; um
ritmo que apresente certa musicalidade ao texto; repetição, para fixação da
idéias, e melhor compreensão dentre outros.


Aléxia sá.

 

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